abro as persianas do escritório nunca antes abertas, faz sombras bonitas na mesa do amigo que canta do meu lado a mesma música que cantei mais cedo sozinha, salta do ar-condicionado um sapo sobre as folhas antigas, um documento com a minha data de aniversário assinado por desconhecidos, embarco domingo passado nas águas mais salgadas do continente, o tempo armando, uma garça azul selvática, uma garça branca engasgada e um urubu de cabeça vermelha rasga a paisagem sem nenhum marulho, só o conforto da corrente de ar, seu redil, e eu falo alto que alguma coisa está, naquele momento, nascendo novamente, como se as coisas pudessem nascer e nascer novamente é ainda algo mais herético de se dizer, e eu já me perguntei em outro tempo se coisas tinham raiz, é a mesma imagem que se repete, esta de quem busca entender o que se chamo de coisa, se é o nome de bichos do mangue, se sou eu mesma, o pré-natal dos cavalos marinhos ou uma ave chamada Encontro.
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Anos-blues
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abro as persianas do escritório nunca antes abertas, faz sombras bonitas na mesa do amigo que canta do meu lado a mesma música que cantei mais cedo sozinha, salta do ar-condicionado um sapo sobre as folhas antigas, um documento com a minha data de aniversário assinado por desconhecidos, embarco domingo passado nas águas mais salgadas do continente, o tempo armando, uma garça azul selvática, uma garça branca engasgada e um urubu de cabeça vermelha rasga a paisagem sem nenhum marulho, só o conforto da corrente de ar, seu redil, e eu falo alto que alguma coisa está, naquele momento, nascendo novamente, como se as coisas pudessem nascer e nascer novamente é ainda algo mais herético de se dizer, e eu já me perguntei em outro tempo se coisas tinham raiz, é a mesma imagem que se repete, esta de quem busca entender o que se chamo de coisa, se é o nome de bichos do mangue, se sou eu mesma, o pré-natal dos cavalos marinhos ou uma ave chamada Encontro.